Anaxímandro



Anaxímandro, também de Mileto, observou o mundo e percebeu que as coisas surgiam de seus opostos. Sendo nosso mundo limitado, ele deveria ter vindo de uma força ilimitada, concluiu.
Pensar com Anaxímandro sempre me faz pensar como é limitado nosso conhecimento. Veja que limitado o mapa-múndi que ele descrevia, que interessante. Ele me faz olhar direto para minha própria ignorância.

A questão ainda é contemporânea. Tão contemporânea, que o filósofo Giorgio Agamben trata sobre ela em um ensaio chamado "o que é o contemporâneo?", no qual ele escreve:

"Contemporâneo é aquele que tem o olhar fixo no seu tempo, para nele se aperceber não das luzes mas da escuridão. Todos os tempos são, para quem neles experimenta a contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é aquele que, precisamente, sabe ver esta obscuridade, que está à altura de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente."

Esse é o convite que ele nos faz: encarar a escuridão do nosso tempo, tentar percebê-la. Convite que reproduzimos aqui lembrando o diálogo que antecede a famosa frase de Hamlet a Horácio de que "há mais coisas no céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na sua filosofia":

Horácio: Ó dia e noite, mas isso é formidavelmente estranho!
Hamlet: E, portanto, sendo estranho, dê-lhe as boas-vindas.

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