Três fotos incríveis da semana

1) Música em Aleppo [http://bit.ly/musica_aleppo]

"Comparto una fotografía de Joseph Eid que me paralizó: Mohammad de 70 años escucha música con su tocadiscos en su casa destruida por los bombardeos en Alepo." (compartilhada por Gabriel Tizon)



2) Sueli Maxakali [http://bit.ly/Maxakali]

Após ganhar a modalidade arco e flecha feminino nos IV Jogos dos Povos Indígenas, Suely Maxakali faz manifestação contra o presidente interino Michel Temer em Aldeia Verde (MG). Via Roney Freitas.



3) Tëpi Pajé dos Matis [http://bit.ly/tepi_paje]

Ricardo Beliel compartilhou essa linda foto e história no Facebook em despedida ao xamã Tëpi Pajé, do povo dos Matis, que recebeu Xó e partiu.

"Hoje soube da morte do amigo Tëpi Pajé do povo Matis causada pela mordida de uma cobra, quando pescava próximo à sua aldeia Bokwat Paraíso. Nos conhecemos durante a expedição para contatar os índios isolados korubo no vale do rio Javari. Passei um longo período no interior da floresta com indigenistas, sertanistas e índios matis, marubo, kanamari, kulina e mayuruna para a aproximação pacífica com os temidos korubo. Foi um tempo de aprendizado, respeito pela natureza, luta pela sobrevivência na selva e autoconhecimento. Só tenho a agradecer o privilégio de ter a oportunidade de conviver com esses índios, como Tëpi, que muito poderiam contribuir para a sociedade brasileira, não fossemos tão ignorantes e preconceituosos. Salve Tëpi Pajé.

Nas palavras da antropóloga Barbara Arisi: 

'Tëpi Pajé é o nome de um forte xamã do povo Matis. Na língua matis, Tëpi era chamado de xó’xókit, palavra que nomeia aquele que cozinha o xó, aquele que carrega, porta, possui ou trabalha com muito xó. O Xó é a substância xamânica e de poder para os matis. Tëpi era o único em seu povo a ser chamado xó’xókit, um curador poderoso a quem muitos índios de outras etnias também recorriam para se tratar. Nesta terça-feira, 7 de março, o xó’xókit matis morreu e passou a ser tsussin (uma força desencorporada).

Certa vez, em sua casa, Tëpi contou-me sobre sua quase-morte e como ele virou pajé. Caçava, quando sentiu a dor da picada e viveu sua experiência de quase-morte. Desmaiou, o homem que tentava carregá-lo nas costas optou por deixá-lo na mata e correr para pedir ajuda na aldeia. Quando voltava com outras pessoas para buscá-lo, topou com Tëpi caminhando já bem próximo da maloca. Caiu ao chão e os companheiros o carregaram. Depois, Tëpi contou que os espíritos da floresta haviam carregado seu corpo até ali.

O xó é a substância de poder que entra no corpo das pessoas pela tatuagem, a marca distintiva do povo matis, com as linhas paralelas que sobem da boca pela face, e as duas linhas paralelas em cada uma das têmporas e as duas linhas longas da testa. O xó é aplicado por quem, mais velha ou mais velho, tatua o rosto da jovem ou do jovem. Assim é passada entre as gerações a marca dos antepassados, o xó fica inscrito com a tinta no rosto dos mais jovens, homens e mulheres, todos recebem uma injeção de xó. Tëpi tatuou os mais moços e deixou sua marca. O xó também entra através das picadas de animais que o carregam, como as cobras, os escorpiões, as abelhas, as aranhas, entre outros. Pajé recebeu novamente o xó da cobra. E, dessa vez, partiu'."