Bauman, Maze Runner e a Educação


Do pouco que eu conheço de Zygmunt Bauman, um dos momentos em que ele discute educação mais diretamente é no capítulo "Educação: sob, para e apesar da pós-modernidade" do livro "A sociedade individualizada".

Bauman utiliza a distinção de Gregory Bateson entre aprendizado primário (o proto-aprendizado, os conteúdos), secundário (o deutero-aprendizado, o "aprendendo a aprender" e o terciário (o "prevenir a habitualidade", "rearrumar as experiências fragmentárias em padrões até agora não familiares, tratando todos os padrões como aceitáveis apenas 'até segundo aviso'") para concluir que, em nosso tempo, esse aprendizado terciário, antes anormal, se tornou agora crucial.

O que isso tem a ver com Maze Runner?

Bom, quem tem aula de “Jogos Vorazes e a Filosofia” comigo sabe que um dos pensamentos que me atrai é ver as distopias, utopias e qualquer ficção sempre como uma obra do nosso tempo. Mesmo quando falam de um passado histórico ou de um futuro pós-apocalíptico, os filmes falam sempre a partir dos problemas do presente.

No filme Maze Runner, os personagens estão presos em um pequeno território que sofre diferentes tipos de ameaça, pouco previsíveis e a única forma de sair é atravessando um labirinto, que se transforma cada vez que eles entram. Um labirinto que se transforma. Que imagem forte de nosso tempo!

Tenho um pouco essa sensação em relação aos meus alunos. Nós não somos capazes de prepara-los para o mundo. Tudo que nós temos a ensinar é sobre um modo de vida que já está em transformação. Dessa forma, me pego tentando ensiná-los a aprender, a não se habituar, sem saber exatamente o que virá.
 
Sobre o aprendizado terciário, Bauman escreve: “é o hábito de viver sem hábitos". E como fica a educação? Eis a questão.

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